quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ANÁLISE DO POEMA “SER POETA” DE FLORBELA ESPANCA

Florbela Espanca, reconhecida como uma grande figura feminina, poeta da literatura portuguesa das primeiras décadas do século XX, nos seus poemas é relacionados sentimentos de sofrimento e solidão associados à imensa ternura e o desejo de felicidade. Uma mulher a frente de seu tempo que quebrou muitos paradigmas da época em que viveu e que fora motivo de muitas críticas, devido à ousadia que tinha de se colocar e/ou declara através de seus versos e poemas. No entanto não se declarou a qualquer movimento literário estando próximo do neo-romantismo de alguns poetas do final do século, portugueses e estrangeiros.
Pelo caráter sentimental demonstrados em suas obras poéticas destaca-se sua admiração pelo escrito Antonio Nobre. Essa poetisa viveu em um período em que Portugal estava passando estremas complicações, economicamente falando e em plena transição da monarquia pela república em 1910.
Os poemas de Florbela contêm características e traços que demonstram possivelmente que mesmo ela não estando no grupo de Fernando Pessoa na corrente do Orfismo colaborou com o chamado período do modernismo, que se propagava em Portugal no século XX. O modernismo português é demarcado exatamente por aquilo que traz a negação. Partindo desse pressuposto é possível perceber que esta escola literária passar a existir de forma sutil com a intencionalidade de romper com os paradigmas existentes da época, ou seja, o modernismo nasceu com o propósito de se libertar das “amarras “ do passado, uma vez que, estas rupturas implicariam no alargamento das ideias.

Todavia, os autores pertencentes a este movimento poderiam expressar seus pensamentos de forma irreverente sem a preocupação com o alvoroço que isto poderia causar isto fica evidente nas obras de alguns pensadores, dentre eles, a poeta Florbela Espanca, que através de seus poemas feministas revela um erotismo explosivo sem limites. Apesar de ainda trazer como tradição os versos rimados e a estética típica parnasiana devido aos quartetos e tercetos engajados em sonetos, mas que a forma de escrita e de livre expressividade, desabafo daquilo que ela vive. Assim, nesses sonetos podemos evidenciar traços característicos do modernismo português.
Espanca através da sua obra “Ser Poeta”, relata seu amor pela poesia destacando alguns elementos que simboliza a felicidade infinita de ser poeta. Em relação à composição do poema, ele é um soneto, ou seja, um poema curto, estruturado a partir de quatorze versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos finais. A obra apresenta um eu lírico que se diz “superior”, mas que busca alcançar sua magnitude de forma suave, mesmo possuindo inúmeros desejos e não tendo a certeza do que almeja ainda consciente de ter em si a própria motivação para conseguir suas metas. Isto pode ser a sua procura constante pela evasão de limites, entretanto fazendo uso do seu objeto de ser, pretende atingir a muitos num brado continuamente.
Podemos perceber que o modernismo simplesmente quando se trata da mulher, ou seja, a moderna a que sempre tem vontades de querer alcançar e deliberar seus desejos, suas angustias e sofrimentos, de falar de seu amor, ou amores que alcançou que se quer alcançar ou ir mais além do obvio, do tradicional, as características de significação poética dessa poetisa é praticamente do modernismo e podendo ser evidenciado no poema “Ser Poeta”, o mesmo vai se enquadrar principalmente no primeiro e no segundo período modernista português, pois o terceiro período vem abordar outras vertentes, tais como: denúncia social, a realidade vivida e a conscientização ao leitor.
No primeiro e segundo versos do poema, evidenciamos o eu poético expressar de forma verdadeira e original o que se pensa e o que se quer no agora, neste momento, o que na verdade o eu poético se caracteriza como um ser confuso e desorientado, típico da literatura psicológica do presencismo. Portanto, o que podemos perceber é que Florbela contribuiu na fase do modernismo de Portugal e também que muitos de suas obras fazem alusão as duas fases desse período, o Orfismo e o presencismo mesmo cada uma delas tendo suas especificidades e contrariedades.
* graduandos: Lucineide Pereira dos Santos, Maria Cristina de oliveira, Neildes Oliveira de pinho, Robson Teixeira de Oliveira