quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um conto

VESTIBULAR
Lucineide Pereira


Marina, uma jovem muito bonita, de cabelos longos e negros, também era muito aplicada nos estudos. Passava maior parte do tempo lendo, escrevendo e planejando o que gostaria de alcançar no seu futuro. Terminando o ensino médio, a moça focalizou-se naquilo que ela faria na sua vida profissional. Como gostava de animais, resolveu que prestaria vestibular para medicina veterinária.
Para melhor desempenho em seus propósitos ela necessitava cursar o pré- vestibular para aprimorar seus conhecimentos. Tudo o que Marina planejava era mais interessante quando contava com o apóio de sua amiga Gaby. E com relação a sua escolha profissional não foi diferente.
_ Marina, parabéns pela escolha, acredito que você é capaz.
Disse, entusiasmada, Gaby.
O momento das inscrições para o vestibular não tardou a chegar, e Marina pediu a sua amiga que lhe acompanhasse neste instante tão importante de sua vida. E assim, Gaby o fez.
_ Gaby, agora que sei qual será a possível data da prova, vou estudar com mais freqüência. Vou abrir mão de tudo, como sempre o fiz. Este passo é muito importante para mim.
No entanto Gaby lhe disse:
_ Marina, não é necessário tanto afinco, assim nos estudos, se você tiver que passar, com o conhecimento adquirido no cursinho, será aprovada.
Contudo, Gaby, não sabia que Marina tinha grandes dificuldades em ciências exatas, passando alguns dias chegou o momento de Marina efetuar a prova, e esta seria realizada em um colégio que Marina já conhecia, pois ela havia cursado ali o ensino fundamental. Desta instituição ela tinha grandes recordações, na qual a mesma tinha feito varias amizades. Um momento tão decisivo e valioso para ela tinha mesmo que ocorrer num local em que Marina se sentisse segura e capaz.
Mediante a prova realizada, Marina volta para a casa com muita ansiedade, ela queria ser aprovada e cada dia até a data do resultado, era para a moça como a eternidade. O único assunto em que Marina tratava com a amiga e os familiares, era sobre essa prova de vestibular, nada era para a moça mais importante. Diante de tantas dúvidas, Marina se auto questionava: Será que fiz uma boa prova? Depois de ouvir tantos questionamentos Gaby, falou:
- Marina não fique se torturando tanto, você já fez a prova, agora é só esperar. A sorte está lançada. E Marina lhe respondeu:
- É sim Gaby, quando provir o resultado terei a certeza que necessito, se realmente valeu a apena ter renunciado tantas coisas para somente estudar e estudar.
No entanto Gaby lhe disse:
- Não se preocupe amiga, se você não conseguir ser aprovada neste vestibular, com certeza surgirão outras oportunidades. O mais importante de tudo é que você tentou, e se não der certo agora, nunca desista de seus objetivos.
Conforme o dia do resultado ia se aproximando Marina ficava muito apreensiva, e de repente ao sintonizar numa radio da cidade ouve o locutor anunciar que os resultados do vestibular que ela tinha feito, já haviam sido publicados num colégio municipal. A moça correu para a casa de sua amiga, com o propósito de convidá-la a ir ver os resultados. E assim foram.
Marina olha atentamente cada uma das listas ali expostas e não encontra seu nome, olha para a amiga com um ar de decepção, sem entender o que poderia ter ocorrido.

Projeto de Pesquisa-O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL: a importância da leitura na formação de uma sociedade consciente.

“A vocês que abriram mão de momentos de convívio, que sofreram nossas ausências quando o estudo nos chama; nossos abraços de carinho e reconhecimento pelo sacrifício.
A vocês pais, filhos (as) e esposos... Dedicamos essa etapa de aprendizado”.



AGRADECIMENTO



Ao Deus Criador, nossa maior inspiração e força.






















"A leitura engrandece a alma."
Voltaire, 1829


1 INTRODUÇÃO


Durante a realização deste projeto de pesquisa buscou-se compreender e encontrar possíveis respostas para questionamentos suscitados acerca da leitura, sobretudo as dificuldades que as pessoas possuem no momento da concretização desta prática. Como ocorrem os períodos de leitura no ensino de língua portuguesa? O que uma leitura freqüente tem a promover na vida das pessoas? E quais caminhos a leitura pode conduzir o ser humano? São perguntas de muita importância na medida em que ela exige do leitor requisitos próprios, tais como saber ler e capacidade de compreensão.
O termo leitura alargou-se para as diversas áreas do conhecimento, com inúmeras vertentes. Discuti-la é apesar de complexa, fundamental, pois estabelece relações de sentido, avalia informações, infere significados, dentre outros. Dessa maneira, a leitura exerce e continua tendo função social sendo bastante comentada e estudada, além de proporcionar ao leitor reflexões sobre o seu mundo, e o mundo do texto, logo através das informações do contexto o leitor toma ciência de sua e/ou da realidade do outro, ampliando sua visão de mundo.
A leitura, portanto, ocupa um lugar muito importante na educação de forma lúdica e investigante, o assunto desta pesquisa visa compreender as causas que determinam as dificuldades do educando no momento do ato de ler. Ler é essencial, pois impõe ao espírito pensamentos que levam o leitor a adquirir uma visão critica sobre variados assuntos possibilitando a aquisição e ampliação dos conhecimentos.
Partindo desse pressuposto, é pertinente ressaltar que a leitura, além de trazer em si informações, torna possível a interação do individuo com o texto e, conseqüentemente, com a sociedade, podendo possivelmente pré-determinar (ou mesmo determinar) seus objetivos e constatar suas ideologias. Ler, portanto, significa compreender a mensagem que um determinado autor busca transmitir e para o leitor conseguir êxito, é preciso que ele tenha conhecimentos prévios acerca da temática abordada, uma vez que é a partir da leitura de mundo que conseguimos retirar a essência dos variados textos.
Os livros são como as pessoas, às vezes complicados, assustadores e por vezes intrigantes, mas partilham sentimentos, interesses e pensamentos. Eles transportam os leitores para outros lugares, outras culturas e os fazem sonhar, permitindo-os assim, modificar sua própria realidade. Neste sentido, indicaremos neste uma possível solução no intuito de amenizar a resistência encontrada nas pessoas quando se trata de ler e compreender a língua escrita.

1.1 Delimitações do tema
Mediante ao que será explanado no decorrer deste projeto é pertinente ressaltar que o objeto de estudo é a leitura, sobretudo ao que diz respeito às dificuldades encontradas pelos alunos da 5ª serie (do 6º ano), no momento de realizar atividades que requerem o ato de ler. A maioria destes discentes garante apenas a decodificação dos signos, porém, não conseguem interpretar o que há de essencial na obra de um artista, poeta e/ou escritor? Esta é uma de nossas indagações.
1.2 OBJETIVOS
Objetivo Geral
Demonstrar através de subsídios teóricos a importância da pratica social da leitura, bem como discutir os possíveis fatores que contribuem para que os alunos da 5ª série do ensino fundamental cheguem a este nível escolar ainda tendo dificuldades nesta área de conhecimento.
Objetivos Específicos
• Discutir sobre os possíveis fatores que contribuem para a existência da problemática em questão, bem como estudar estratégias no intuito de solucioná-la.
• Elucidar que a leitura pode ser vista e utilizada como fonte de prazer e entretenimento.
• Demonstrar a importância da pratica da leitura na ampliação dos conhecimentos e visões de mundo.
• Citar estratégias de leitura objetivando contribuir pra melhoria desta prática.


1.3 JUSTIFICATIVA
Desenvolveu-se este projeto visando contribuir com a ampliação de saberes no campo da leitura, utilizando como base de estudos um material teórico que possibilite aos futuros e atuais docentes um melhor desempenho na aplicação de atividades voltadas para a leitura detectando, assim, as dificuldades encontradas pelos alunos, mediantes estas apontarem possíveis soluções, contribuindo para o progresso e desenvolvimento cognitivo desses discentes.
A escola tem interpretado a tarefa de ensinar a ler de um modo mecânico e a maioria dos professores de língua e literatura estão despreparados para exercer sua função com eficiência. Esta pesquisa permitirá a realização de uma minuciosa reflexão acerca da temática, possibilitando a aquisição de uma ampla bagagem de conhecimentos, os quais poderão ser postos em prática em sala de aula visando tornar os momentos de leituras mais prazerosas e eficazes. Para a formação do estudante letras e de grande importância pesquisar e discutir esse tema, pois este visa estabelecer estratégias para um melhor aproveitamento das aulas de Língua Portuguesa, demonstrando que é possível desenvolver aulas de leitura constantes, proveitosas e interdiciplinadas com literatura, gramática e escrita, pois ambas estão intimamente ligadas.

1.4 Formulação do problema

A dificuldade em realizar a leitura é tida como um dos maiores obstáculos enfrentados pelos alunos. Preocupados com essa questão, vários educadores estão em busca de o melhor caminho a seguir, contribuindo para um melhor desenvolvimento da leitura. Contudo, o que leva tantos discentes de diferentes meios a conviverem com as mesmas dificuldades? O professor tem alguma participação no que diz respeito ao desinteresse dos alunos? A metodologia abordada nos planos de aula de leitura deve ser modificada? São as nossas principais indagações.


2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE CONSCIENTE


A cada dia o homem vem sentindo a necessidade de buscar inúmeras maneiras de se relacionar com os demais através da comunicação, seja ela de forma sonora, gestuais e/ou escrita e estas vêm se aperfeiçoando com o tempo, sobrevivendo a tantas imposições de regras. Com a leitura não ocorre diferente, uma vez que ela é muito mais que uma simples decodificação de signos, mantendo pois, interação com o leitor desde que este busque interpretar e compreender o conteúdo que o texto traz através dos elementos gráficos.
Contudo, no diz refere às aulas de língua portuguesa nos Parâmetros Curriculares citaremos possíveis motivos que levaram os alunos de 5ª série a possuir dificuldades perante as aulas de leituras, diante desta problemática é plausível salientar que a maioria dos docentes considera perda de tempo trabalhar leitura na sala de aula e que este ato comprometeria a concretização dos conteúdos listados para o ano letivo.
Os discentes pertencentes a este nível escolar, por sua vez, encontram delimitados para a realização das atividades de leituras, alguns porque não adquiriram o hábito de leitura desde a infância, outros por estarem acostumados a ler somente quando são cobrados a desenvolver atividades avaliativas, existem ainda aqueles que não dispõem de incentivos por parte de seus familiares e de alguns professores que não tem espírito de inovação para desenvolver aulas atrativas.
A leitura faz parte da vida das pessoas desde os primeiros anos, mesmo não dominando a significação das palavras as crianças estão inseridas neste mundo mágico, elas realizam a leitura de imagens, gestos, correspondendo-os a possíveis mensagens tendo assim, uma participação ativa na comunicação social. Logo, para desenvolver esta prática é necessária a compreensão das diversas funções sociais as quais a leitura proporciona, é indispensável, sobretudo que este processo seja trabalhado através de situações agradáveis, dessa maneira o leitor obterá autonomia para selecionar a analisar suas leituras.
A educação formal possui um papel significativo na preparação do individuo para o mercado de trabalho, o qual está a cada dia mais competitivo e exigente. Conforme estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional no artigo 1º § 2º, “A educação deve vincular-se ao mundo do trabalho e da prática social”. Entretanto, a língua portuguesa tem demonstrado que seu uso de forma padrão vem transformando os diferentes níveis de comunicação e expressão, visando à ampliação, a adequação dos saberes, sejam eles de forma individual ou discursiva.
Segundo Paulo Freire (1993, p. 11), A leitura do mundo precede a leitura da palavra, que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Na medida em que leitura de mundo está estreitamente ligada à leitura de textos, porém, antes de realizar a leitura destes é necessário já ter desenvolvido leituras de mundo que alias correspondem a um processo continuo. A prática da leitura permite a ampliação dos conhecimentos, sobretudo quando concretizada de forma ampla e inovadora.
Neste contexto, Irandé Antunes (2003, p. 66), A leitura é parte da interação verbal enquanto implica a participação cooperativa do leitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidas pelo autor. Dessa forma ela esclarece que a leitura mantém relações extremamente relevantes com a escrita, dessa forma o leitor precisa se colocar na posição do autor e descobrir o seu verdadeiro propósito. Assim a leitura deixara de ser apenas uma decodificação de signos, mas também um meio do individuo adquirir informações e conseqüentemente ampliar os saberes interagindo com o meio e participando da realidade do outro.
De acordo com as concepções de Kleiman (2004, p. 27), Na aula de leitura em estágios iniciais o professor serve como mediador entre aluno e autor. Nessa mediação ele pode fornecer modelos de estratégias especificas de leitura. Uma vez que nos processos iniciais de leitura o aluno necessita da interferência de uma pessoa capacitada, está deve demonstrar ao discente diversas possibilidades de ler um texto, fazendo uso de recursos como a linguagem verbal e a não verbal. Para que dessa maneira o aluno venha se familiarizar com o material oferecido ocorrendo assim a interação entre o leitor e o objeto; além do mais possibilitar que o educando compreenda melhor o texto, assim o educador alcança os objetivos almejados, logo, ambos estarão construindo um conhecimento inovador.
Para Irandé (2003, p. 77), a leitura envolve diferentes processos e estratégias de realização na dependência de diferentes condições do texto lido e das funções pretendidas com a leitura, ou seja, existem várias maneiras de ler diferentes textos, estes por sua vez são relativos cada um atende a um fim prático, o que significa dizer que o sucesso da leitura depende da seleção do texto, este deve corresponder às necessidades do público leitor tanto em relação ao tema quanto ao que se pretende absorver durante a leitura.

Segundo Angela Kleiman (1989), a formação precária do professor na área de leitura, bem como o desconhecimento dos resultados da pesquisa na área trazem conseqüências negativas para a qualidade do ensino. Uma vez que, é necessário conhecer a problemática para haver a inquietação e conseqüentemente a elaboração de estratégias objetivando mudanças significativas no campo educacional.
Entretanto, é extremamente importante esclarecer que para obtenção de sucesso na leitura o leitor precisa passar por um processo gradativo que deve iniciar na educação informal com a contribuição da família, cabe a esta, portanto, proporcionar as crianças momentos agradáveis demonstrando o quanto a leitura pode propiciar maravilhosas viagens no mundo da imaginação. Certamente o individuo que passa por esta etapa ao ingressar nas series iniciais terá um contato saudável com a leitura didática.



3 METODOLOGIA


Para o desenvolvimento deste projeto será realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter indutivo, com o intuito de analisar e verificar a importância que a leitura exerce na vida do ser humano. Com isso, possivelmente constatar os motivos que levaram os alunos da 5ª serie a possuírem dificuldades na leitura. Logo, para melhor desempenho desta pesquisa utilizamos como base de estudos os pensamentos de alguns doutrinadores que por sua vez trazem em seus livros conceitos valiosos acerca do respectivo tema abordado.
No processo de construção deste projeto de pesquisa a primeira etapa foi a escolha do tema a ser pesquisado, uma vez somente depois desta definição é que poderia ser iniciado o processo de buscar auxílios bibliográficos. A segunda etapa a se cumprir foi a delimitação do tema, a problemática e a metodologia. A terceira etapa por sua vez foi à seleção das obras que tratavam do tema de utilidade para o projeto, pois assim teríamos subsídios palpáveis para análise mais profunda do tema. A quarta etapa foi o momento em que fichamos as obras selecionadas com o intuito de compreender o conteúdo com mais facilidade e eficácia. A ultima e prolongada etapa foi a construção do corpo do projeto, sendo que em primeiro instante foram elaborados a justificativa e os objetos gerais e específicos. Logo depois construímos a revisão bibliográfica com base nos fichamentos feitos na 4ª etapa desta pesquisa. Em seguida materializamos a metodologia e por ultimo elaboramos a introdução.



REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Partábola Editorial, 2003
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: 29ª edição. São Paulo: Cortez, 1994
KLEIMAN, Angela. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas, SP: Pontes, 1989
LAJOLO, Marisa. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 11ª Ed. Porto Alegre, RS: Mercado Aberto, 1993

Resumo sobre Semântica

Manual de Semântica (texto I)

Quando se fala em estudos do significado, o que vem logo à mente das pessoas envolvidas com questões de linguagens é a palavra semântica. Assim podemos afirmar com segurança que a semântica é bastante complexa e há dois fatores: o primeiro são as diferentes perspectivas teóricas que lingüistas e filósofos possuem acerca do objeto de estudo da semântica, o segundo fator é a falta de consenso quanto ao que seja significado. Os filósofos gregos foram os primeiros a abordarem questões relacionadas ao significado.

O termo semântico tem origem na palavra grega semantiké. Seu objetivo era bem claro: tentar compreender o conhecimento humano. Nessa busca pela compreensão da relação entre a linguagem e o conhecimento eles acabaram por realizar importantes reflexões acerca da palavra e do significado. Hermógenes fala a respeito dessa relação, idéia proposta por Crátilo que diz a respeito dos nomes, que eles são naturais e não convencionais.

Entretanto, conceber uma relação direta entre palavra e coisa é comportar-se de uma maneira demasiadamente simplista. Afinal, como é possível demonstrar-se a existência de uma relação natural e intrínseca entre uma palavra e um objeto, ao qual ela se refere, ou ao qual ela representa no pensamento? John Locke manifestou-se a esse respeito, lembrando que a função das palavras é permitir a comunicação entre pessoas e que as palavras resultam de convenções sociais.

Contudo, a explicação satisfatória sobre a relação entre a palavra e o significado foi a da visão convencionalista, segundo a qual o significado é arbitrário, determinado socialmente, convencionado pela comunidade lingüística. A convenção tem função reguladora importante dentro de um grupo social: ela restringe o número de opções. Sem a convencionalidade, os falantes e seus respectivos ouvintes não poderiam atingir uma concordância acerca daquilo que querem transmitir.

Diante disso, para a lingüística moderna o importante é a multiplicidade de significados, nelas está inseridas a polissemia, em que uma mesma palavra tem dois ou mais significados de acordo com o contexto, e a homonímia em que duas ou mais palavras de significados diferentes tem a mesma grafia e/ou a mesma pronúncia. Dessa forma o termo significado é fundamental para a semântica e não possui uma definição única e incontroversa, é natural que os outros termos acrescentem dificuldades de delimitação do seu objeto.

Semântica (texto II)

Neste capitulo abordaremos alguns fenômenos típicos da linguagem humana, como ponto de partida para analise, a dêixis. Observe; a madame de vestido turquesa está desde as duas horas da tarde na loja de confecções onde foi comprar um chapéu. São cinco horas e a balconista já buscou todos os chapéus disponíveis no estoque. Nesse momento a madame aponta para um dos primeiros chapéus que a balconista mostrou, o único verde de bolinhas roxas e diz:

(1) Fico com este.

(2) Às cinco horas da tarde, a madame de vestido turquesa fica com o chapéu verde de bolinhas roxas. As frases (1 e 2) veiculam “a mesma informação”.

Como explicar que essas duas frases sejam capazes de expressar a mesma informação se tão claramente diferentes? A explicação é obviamente, no fato de que, na nº1, o locutor “madame” em apontar fornece a forma de descrever que expressa na nº2. Tomando o demonstrativo este como exemplo típico desse fenômeno lembrando que ele vem acompanhado de um gesto de apontar. A lingüística moderna chama estas palavras e formas de dêiticos que realizam o fenômeno da dêixis (ato de mostrar), que distingue a linguagem humana das linguagens artificiais.

O fenômeno da dêixis dá as línguas naturais uma grande agilidade; em contra partida, as frases com elementos dêiticos só podem ser interpretadas em estreita conexão com situações determinadas, e as informações são transmitidas com a variar das situações. Assim essas observações distinguem o fenômeno da dêixis do fenômeno da anáfora, esta consiste em identificar objetos, pessoas, lugares. Embora haja em português, uma maioria de expressões que se usam ora, como anafóricas, ora como dêiticas, os dois fenômenos são distintos. Em certos casos os dêiticos e anafóricos distribuem-se em séries paralelas e intercambiáveis.

Contudo, a oposição entre a frase 1 e a 2 não se resume, num grau maior ou menor de concisão, ou na presença/ausência de dêiticos, importa reconhecer que os enunciados constativos e os performativos não podem ser descritos da mesma maneira. È a fenômeno desse tipo que os lingüistas se referem como atos da fala. Todavia, o fenômeno de acarretamento em que se inferi uma expressão com base no sentido literal de outra, este sentido passa obrigatoriamente pelo contexto conversacional, á fenômenos desse tipo denominamos de implicaturas.

Introdução ao estudo do léxico (texto III)

· Antonímia

Informalmente, as pessoas costumam chamar de antônimas quaisquer palavras ou expressões que podem ser colocadas em oposição: nascer, morrer; Grande, pequeno. Os antônimos formam pares que referem a realidades “opostas”, estas realidades pode ter fundamentos diferentes. Assim, na mesma escala: quente e frio, ou numa mesma ação bater, apanhar. Encontramos também antônimos entre os substantivos (duro, mole), adjetivos (bondade, maldade), verbos (dar, receber), advérbios (lá, cá), preposições (sobre, sob).

· Arcaísmo

Chamamos de arcaísmo as expressões que, tendo já sido de uso corrente na língua, caíram em desuso e quando usadas refletem um estado de língua mais antigo, geralmente aparecem com freqüência na literatura. È comum encontrarmos arcaísmo em todos os domínios da língua: vocabulários, morfologia, sintaxe... Com freqüência, as falas tipicamente regionais continuam usando formas e expressões que do ponto de vista da língua brasileira comum seriam arcaicas porque os objetos, as técnicas, e os hábitos correspondentes caíram em desuso.

· Homonímia

São aquelas palavras que se pronunciam da mesma forma e que escrevem de maneiras diferentes (cinto, sinto), (sessão, cessão, seção).Em alguns casos o uso de homônimos causam alguns problemas de comunicação, ou seja, a interpretação deve ser realizada de maneira cuidadosa.

· Polissemia

A polissemia se opõe a homonímia: ou seja, para que haja polissemia é necessária uma só palavra e de acordo com o contexto da mesma existam vários sentidos, então temos a construção polissêmica.

· Sinonímia

Os sinônimos são palavras de sentido próximos que se prestam ocasionalmente, para descrever as mesmas coisas e as mesmas situações. Mas é sabido que não existem sinônimos perfeitos: A escolha entre dois ou mais sinônimos dependem também das características regionais. Quando pronunciada uma palavra deve se tiver o cuidado de não ser mal interpretado devido ao sentido original desta palavra.

· Termos genéricos e termos específicos

Ao falarmos das mesmas realidades, podemos aplicar a essa realidade palavras que evocam conceitos mais ou menos abrangentes. Por ex: Caruso meu canário, é ao mesmo tempo um canário, um pássaro, um bicho, um ser vivente...

Interessa dispor da palavra hiponímia: na qual a palavra canária é hiponímia da palavra pássaro. A noção de hiponímia tem a ver com inclusão. Interessa também que em oposição aos termos específicos correspondentes, os termos genéricos são aqueles que aplicam o conjunto mais amplo de objetos (os lingüistas dizem que eles têm extensão maior), mas nos dão pouca informação sobre como os próprios objetos (compreensão menor): ficamos sabendo mais sobre as características de um animalzinho de estimação se ele for descrito como um canário, ficamos sabendo menos se ele for descrito, genericamente, como um pássaro.

Lexemas e Lexias. Lexias simples e complexas (texto IV).

No sistema abstrato da língua, distinguem-se dois componentes: o léxico e a gramática. De fato as palavras são entidades abstratas que compõem o sistema lingüístico. Por sua vez, os discursos são atos de linguagem transitórios, ao passo que a palavra é um elemento permanente da língua. O termo lexema é usado para designar a unidade léxica abstrata em língua.

No português são formas livres: os substantivos, os adjetivos, e os verbos e são formas dependentes (vocábulos e morfemas): As preposições, os pronomes pessoais, os artigos, as conjunções entre outros. Na prática alguns testes poderão ajudar detectar as lexias complexas, o primeiro é o teste de substituição, não podemos substituir os vocábulos bom dia e boa noite por outro adjetivo mais ou menos sinônimos, dizendo: ótimo dia e ótima noite, por conseguinte, tudo leva a crer que os mesmos já estão lexicalizados como lexemas. O segundo é o teste de inserção que não poderia inserir um advérbio em meio aos constituintes exp.: mercado “negro”, resultando mercado “muito” negro. Portanto, este também demonstra que estão lexicalizados. E seremos obrigados a chamá-los de lexias complexas.

O termo lexias simples será; pois reservado para as unidades que são grafadas com único segmento. A ortografia demonstra que o código escrito reproduz o código oral precariamente. Além disso, os contínuos desajustes, existentes no interior do sistema lingüístico, são patentes na notória incapacidade que tem o código escrito de reproduzir os lusco-fuscos da língua em ação.

A categorização léxica (texto V)

Qualquer sistema léxico é a somatória de toda experiência acumulada de sociedade e do acervo da sua cultura através das idades. Os membros da mesma funcionam como sujeitos agentes, no processo de perpetuação relaboração continuam do léxico da sua língua. Num processo em desenvolvimento, o léxico se amplia se altera e, às vezes, se contrai. As mudanças sociais e culturais acarretam alterações nos usos de vocabulários, e isso surge para enriquecer o léxico. Sobretudo no processo de aquisição da linguagem o léxico é o domínio na qual a aprendizagem é continua durante toda á vida do individuo.

Um dos processos comum da memória na da incorporação do léxico é o modelo binário de oposição, ou seja, a relação que o cérebro faz a determinadas coisas, exp. Ao falar em material escolar, o cérebro traz; caneta, borracha, livro, caderno, etc. Existe um tipo de afasia em que os campos onomasiologico das palavras parecem sofrer um total desmantelamento, acarretando a perturbação da estrutura interna dos subsistemas léxicos. O afásico nomeia um objeto através de outro signo verbal que faz parte do campo semasiológico das palavras. O afásico manifesta assim, incapacidade de encontrar a palavra requerida pela situação na memória léxica.

A categorização léxica e a estruturação do sistema lexical é matéria pouco, ou nada, conhecida, e até escassamente estudada pelos lingüistas. A organização das palavras por categorias são elaborações próprias de cada cultura e dela resultante. A análise diacrônica de um sistema lingüístico ocasiona muitas vezes, alterações e reformulações ordenadas do léxico dessa língua.

O significado. A estruturação do léxico (texto VI)

“As significações ditas léxicas de certos signos são apenas significações contextuais artificialmente isoladas ou parafraseadas. Todo significado de um signo nasce de um contexto, seja ele de situação ou explicito”. Assim, na maioria dos lexemas é possível distinguir exclusivamente conceptual, onde é feita referência explicita do conteúdo denotativo e/ou lógico e cognitivo dos dados da realidade. Também é possível detectar significados de uma palavra, na qual sobressaem partes conotativas que se reportam a elementos contextuais.

Na prática é por vezes difícil de distinguir o tipo de significação que ocorre em um dado contexto. A criatividade artística é capaz de explorar a significação de maneira tão original e desusada, que os escritores normalmente estão sempre ampliando o halo de significação de uma palavra, ou de seu campo semântico. Toda palavra abrange uma rede de significados. E mais ainda diferentemente da gramática é o léxico, pois o mesmo é um campo aberto.

Contudo, a onomasiologia visualiza os problemas sob o ângulo do que fala, daquele que deve escolher entre diferentes meios de expressões. Já a semasiologia focaliza os problemas do que ouve do interlocutor que deve determinar as possíveis significações da palavra que ele entende. Dessa forma, o enfoque onomasiologico é típico da Lexicologia. A lexicografia, porém, opera, sobretudo dentro da metodologia semasiologia. O confronto de um campo onomasiologico com os campos semasiológico afins demonstram que eles se interpenetram e se completam, contribuindo assim, para o estudo da forma de como o léxico se estrutura na língua.

O campo léxico (texto VII)

Uma noção de suma importância em lingüística é a de valor, que se encontra esboçada em Saussure (1977, p. 131). “cada termo lingüístico é um pequeno membro, em que a idéia se fixa num som e torna-se um signo de uma idéia”. Tratando das relações associativas, estabelece que os grupos formados por associação mental não se limitam a aproximar os termos que apresentem algo em comum; o espírito capta também a natureza das relações que os unem em cada caso e cria com isso tantas séries associativas quantas relações diversas existam.

Assim, um campo lingüístico é uma seção de entre mundo da língua materna, constituída pela totalidade de um grupo de signo lingüístico que coopera em articulação orgânica, na tentativa de classificar os campos léxicos que parecem mal delineados, uma vez que, não foi elaborado um método de campos léxicos. Pelas relações estabelecidas entre léxicos e cultura, a teoria dos campos se aproxima da hipótese de que a percepção que o individuo tem da realidade é condicionada pelo sistema lingüístico que ele fala: as categorias da língua fornecem como que subsídios para a interpretação do real.

Ainda assim, o sistema lingüístico não é simplesmente um veiculo reprodutor de idéias, mas o próprio modelador das idéias “o programa é o guia para atividades mentais do individuo”, para sua análise das impressões, para síntese de toda a sua bagagem mental. Dessa forma define-se dois conceitos: palavras testemunhas e palavras-chave. As primeiras são definidas como “elementos particularmente importantes em função dos quais a estrutura lexicológica se hierarquiza e se coordena”.

Por outro lado, uma palavra é “uma unidade lexicológica que exprime uma sociedade... um sentimento, uma idéia viva na medida em que a sociedade reconhece neles um ideal. O campo lexical é um paradigma lexical constituído por um conjunto de unidades lexicais que compartilham entre se uma zona comum de significação, fundada em oposições imediatas. A teoria merece destaque pelas explicitações teóricas que consolidam a lexemática e não se restringem a uma descrição direta e imediatista dos campos lexicais, pois é sofisticada com uma serie de distinções muito refinadas.

Sistema Lingüístico e Empréstimo (texto VIII)

Na relação entre duas línguas, a vizinhança ou coexistência espacial tende a modelar o léxico de uma ou de outra por um recorte analógico do mundo objetivo, e desta maneira cada língua conserva suas formas fônicas, porém introduz um novo conteúdo gramatical ou conceitual. Nós contatos raros ou sistemáticos, a interferência, embora em menor grau esteja sempre presente. Partindo das conseqüências destas relações os sistemas lingüísticos são classificados como:

Homogêneos (pouco receptivo a termos alógenos), Heterogêneos (receptivos aos termos alógenos, integrando-os e adaptando-o a sua estrutura), amalgamados (receptivos aos empréstimos de sistema semelhante ao seu). Eles se constituem o meio termo entre os dois extremos anteriores.


Referências

BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria Lingüística: teoria lexical e lingüística computacional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CARVALHO, Nelly. Empréstimos lingüísticos. São Paulo: Ática, 1989. (Serie Princípios).

DUARTE, Paulo Mosânio Teixeira. Introdução a semântica. Fortaleza: UFC, Edições, 2000. (Serie Didática).

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. São Paulo: Contexto, 2002.

ILARI, Rodolfo. ; GERALDI, João Wanderley: Semântica. 10ª Edição, 4ª Impressão: São Paulo: Ática, 2002

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Manual de semântica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

Linguagem: ferramenta poderosa na expressão das ideologias.

Resumo

O artigo apresentado a seguir, retrata o tema “ Linguagem e Ideologia” do autor José Luiz Fiorin e tem a perspectiva de sinalizar as relações existentes entre a linguagem e a ideologia, bem como conceituá-las. Contudo, a abordagem desta temática é de grande importância para que a sociedade conheça, reflita e perceba que aquelas ideologias que parecem ser suas, na verdade são impostas pela classe social de prestígio. Entretanto, a realização da pesquisa contribuiu para que rompêssemos o imaginário de que o RAP em si apenas direcionava críticas sem haver nenhum contexto. Descobrimos, porém, que por traz daquelas críticas existem ideologias subjacentes e que através da linguagem os “cantores” expressam sua visão de mundo.

Palavras-chave: Linguagem. Ideologia. Sociedade.

Introdução

Este presente artigo visa discutir o tema “Linguagem e Ideologia”, tendo como ponto de partida as concepções de José Luiz Fiorin. Logo, é de extrema importância desenvolver pesquisas e discutir sobre o termo ideologia, pois é de através da mesma que conseguimos identificar e compreender os pontos de vista de uma dada sociedade sobre determinadas realidades. Contudo, a pesquisa é um ponto favorável para a expansão dos conhecimentos, o que nos permite compreender melhor os conceitos e obter uma visão mais ampla do “ conteúdo ” pesquisado; Entretanto, a discussão dos conhecimentos adquiridos no processo de pesquisa requer grande relevância, pois, é neste momento que acontece a socialização, ou seja, a troca de informações vinculadas à ideologia.

Dessa maneira, estamos realizando esta pesquisa com o intuito de adquiri e socializar informações acerca da temática “Discriminação racial”, com o auxilio do RAP de Gabriel o Pensador “Racismo é Burrice”, identificamos que a música em seu contexto trás ideologias formadas a partir do pensamento crítico do compositor.

Inicialmente fizemos uma pesquisa bibliográfica através dos textos Linguagem e Ideologia do autor Fiorin e a introdução do livro Gêneros Textuais de Ensino organizado por Ângela Dionísio e escrito por Marcuschi. Caracterizamos o gênero canção e por fim tercemos uma análise a partir do RAP “Racismo é Burrice”.

Metodologia

Todavia, têm sido consideradas diversas vertentes representativas de estudo metodológicos para elaboração deste artigo, dentre elas: o livro Linguagem e Ideologia de Jose Luiz Fiorin, Gêneros Textuais, escrito por Luiz Antônio Marcuschi, o RAP de Gabriel o Pensador “Racismo é Burrice” e o auxilio do Wikipédia-Google que foram de grande valia para análise do tema, classificando-se esta pesquisa como bibliográfica, pois a mesma tem como finalidade explorar ao máximo e minuciosamente cada detalhe do tema principal e sub-temas decorrentes dela.

2. Fundamentação Teórica

Conceituar “ideologia” não é uma tarefa fácil. Para tanto são necessárias leituras e boas fundamentações teóricas. Entretanto, acreditamos que o termo ideologia compreende um conjunto de convicções formadas a partir de uma realidade social. Estas ideologias são integradas na sociedade de maneira tão superficial, ocultando a essência, que os indivíduos não percebem suas imposições e chegam a acreditar que são autores de seus discursos. Mas partindo da concepção de que o discurso é social e a fala individual, percebemos que as pessoas estão equivocadas neste sentido, uma vez que, adquirem seus discursos nos respectivos meios sociais em que estão inseridos e transmitem através da fala pontos de vista assimilados no convívio social.

Em sua obra “ Linguagem e “Ideologia “, o autor José Luiz Fiorin apresenta definições para a ideologia, ou seja, é o ponto de vista de uma classe social a respeito da realidade, a maneira como uma classe ordena, justifica e explica a ordem social. Dessa maneira, a ideologia é constituída e constituinte da sociedade, pois ao mesmo tempo em que o homem constrói suas ideologias, essas ideologias modelam sua forma de pensar e agir. Contudo, é pertinente ressaltar que, diante de um país capitalista como o Brasil, mesmo havendo diversas ideologias, as mais aceitas e seguidas são aquelas “ impostas ” pela classe social de prestígio, que por sua vez detém o poder de persuasão.

Segundo Fiorin há um vinculo entre linguagem e a vida social, isso porque a primeira expressa à segunda, ou seja, para conseguirmos saber as ideologias subjacentes no discurso de alguém contamos com o auxilio da língua e fala que são elementos constituintes da linguagem.

Fiorin afirma ainda que, o discurso é social, pertencendo ao plano de conteúdo, enquanto o texto é individual e faz parte do nível da manifestação. Assim, o mesmo discurso pode ser manifestado por diferentes textos e estes podem ser construídos com matérias de expressão diversas. Portanto, é de extrema importância saber distinguir os conceitos de “ “formação ideológica e formação discursiva “. A primeira deve ser entendida como a visão de mundo de uma determinada classe social, isto é, como um conjunto de representações de idéias que revelam a compreensão que uma dada classe tem do mundo. A segunda corresponde ao que é ensinado a cada um dos membros de uma sociedade ao longo do processo de aprendizagem lingüística, por isso o discurso visa mais reproduzir que criar. Logo, com a mesma intensidade que a formação ideológica impõe o que pensar, a formação discursiva determina o que dizer.

O falante se baseia nas várias formações discursivas presentes numa formação social, podendo construir discursos que revelem diferentes visões de mundo. Porém, o analista do discurso não se preocupa em analisar se o falante revela ou não sua verdadeira visão de mundo ao enunciar um discurso, pois a análise não se iguala a uma investigação policial.

A inquietação proveniente da análise é como o enunciador inscrito no discurso, ou seja, com aquele que no interior do discurso diz “EU”, assim, a análise vai mostrar a que formação discursiva pertence determinado discurso. Contudo, se do ponto de vista genético, as formações ideológicas materializadas nas formações discursivas é que determinam o discurso, do ponto de vista da análise, é o discurso que vai revelar quem é o sujeito, qual é a sua visão de mundo. Enfim, a análise não se interessa pela “verdadeira” posição ideológica do enunciador real, mas pelas visões de mundo dos enunciadores inscritos no discurso.

3. Gêneros textuais:

Segundo Luiz Antônio Marcuschi, gêneros textuais são fenômenos históricos profundamente vinculados a vida cultural e social, logo, os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades, linguísticas e estruturais.

Conforme Marcuschi a língua é tida como uma forma de ação social e histórica que ao dizer, também constitui a realidade, sem, contudo cair no subjetivismo ou idealismo ingênuo. Assim toda postura teórica aqui desenvolvida, insere-se nos quadros da hipótese sócio-interativa da língua. É neste contexto que os gêneros textuais se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. Portanto, a ideologia se materializa através das linguagens que veiculada pelos gêneros textuais.

  1. Gênero textual Canção

Canção é uma Forma musical para diversos estilos de composições ou uma composição musical acompanhada de um texto poético destinado ao canto com acompanhamento ou sem. O esquemático simples dela representa-se por: AA: B: AA: B. podendo ser abreviada por AAB: A, onde o tema AA significa os versos musicais, o tema do B é o refrão, e se repete várias vezes no final.

O Gênero textual Canção é simples e popular é um dos mais antigos. Ela é comum em diversas melodias curtas instrumentais ou cantadas. A canção, tradicionalmente na História, era escrita para musicar um texto poético. Mas já nos Século XX ela passou, mais e mais, a musicar textos comuns conhecidos simplesmente por "letra". A composição canção também pode ser sem letra, recebendo o nome de canção instrumental. A forma canção é a forma popular que mais se usa hoje em dia nas canções pops. Uma forma muito antiga que se originou da música folclórica da idade média e alcançou uma divulgação bem expansiva no mundo.

Acanção foi sendo constituida históricamente em diversos estilos dentre eles o RAP.A palavra RAP se encontra, atualmente, "online" ou seja, está sendo aceito no meio social, sendo um neologismo popular do acrônimo para rhyme and poetry (rima e poesia); porém, apesar da associação com poesia e ritmo, o significado da palavra RAP não é um acrônimo em si, mas descreve uma fala rápida que precede a forma musical (de ritmo e poesia) e significa "bater". A palavra (RAP) é usada no Inglês britânico desde o século XVI, e especificamente significando "say" ("dizer", ou "falar", "contar o conto").RAP é o discurso rítmico com rimas. RAP é um dos elementos da música e cultura hip hop. Na música o RAP, é extremamente fidedigno à improvisação poética sobre uma batida no tempo rápido e freqüentemente só é acompanhada pelo som do baixo, ou sem acompanhamento, é um estilo musical raro em que o texto é mais importante que a linha melódica ou a parte harmônica. A música RAP também tem uma similaridade distinta com a música celta em que forma-se uma brincadeira na qual os cantores tentam duelar suas frases com rimas, rapidamente improvisadas e humorísticas; alternadamente, um desafiando o outro nas rápidas frases inteligentes.

A origem do RAP remonta à Jamaica, aproximadamente na década de 60 quando surgiram os sistemas de som, que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para animar bailes. O primeiro disco de RAP que se tem notícia, foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado por volta de 1978, contendo a célebre King Tim III da banda Fatback.

Em 1988, no Brasil, foi lançado o primeiro registro fonografico de RAP Nacional a coletanea. Hip Hop Cultura de Rua , pela gravadora Eldorado. Dessa coletanea participaram Thayde & Dj Hum, Mc/Dj Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes. Porém somente em 1989 foi criado o MH2O ( Movimento Hip Hop Organizado).

No Brasil, um dos cantores de RAP mais conhecidos é gabriel o pensador, nome artístico de gabriel contino, um cantor e compositor brasileiro De RAP. Um dos maiores nomes do RAP e POP brasileiro, Gabriel diferenciou-se de boa parte de seus pares (e chegou a ser criticado por eles) por ser garoto branco de classe-média. Filho da jornalista Belisa Ribeiro, ele apareceu no fim de 1992, quando ainda era estudante de Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)". O personagem da letra era Fernando Collor de Mello, que tinha acabado de renunciar ao cargo frente a um processo de impeachment (e de quem Belisa tinha sido assessora).

Contratado pela Sony Music por causa do sucesso da música (ainda que censurada), Gabriel lançou em 1993 seu primeiro e homônimo disco (Gabriel o Pensador), que ganhou as rádios com as ácidas, porém divertidas, "Lôraburra" e "Retrato de um Playboy", além de "Lavagem Cerebral" hoje atualizada para “Racismo é burrice”. Em 1995, lançou o álbum Ainda É Só o Começo, que provocou polêmica com as músicas "Estudo Errado" e "FDP³", mas não repetiu o sucesso do primeiro álbum. Dois anos depois, Gabriel voltou à carga com a irreverente e pop "2345meia78", que seria a primeira faixa de trabalho do disco Quebra-Cabeça. "Cachimbo da Paz" (com participação de Lulu Santos) e "Festa da Música" estouraram depois, levando o CD a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas.

(...)

Inquietações que motivaram a construção da música.

Gabriel era estudante da PUC-RJ , queria ser jornalista e resolveu escrever um texto sobre algo que lhe incomodava muito: o racismo, que se manifestava em frases sem sentido rabiscadas nas portas dos banheiros da Universidade. Para quê sua sua idéia fosse alvo da mídia, Gabriel escreveu uma faixa enorme com o tema “Morte ao Racismo”, foi para o estádio do Maracanã em dia de jogo, porém nenhuma das câmeras revelaram seu protesto. Insatisfeito, Gabriel mudou o titulo para “Lavagem Celebral”, hoje “Racismo é Burrice”, texto esse que se transformou em canção, para só então chegar a ser discutido e escutado por diversas pessoas.

5. Análise da música

A música Racismo é burrice traz no seu contexto um leque de criticas a cerca da discriminação e do racismo, fatores que segundo o autor da mesma, precisam ser dirimidos da nossa sociedade.

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos do outro lado do oceano
O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar" ( versos 1 e 2 ).

O compositor e cantor Gabriel o Pensador sauda os negros e brancos, estabelecendo uma relação de igualdade entre ambos, ele utiliza esta colocação para introduzzir sua crítica ao racismo, pois apesar das inúmeras formas de discriminação existentes somos todos filhos de uma missigenação avassaladora, já que segundo a autor, viemos todos da mesma mistura . E que apesar da distância geográfica existente, “brancos” e “ negros” devem ser considerados iguais, pois estão unidos pelos laços de sangue que representa a vida.

Racismo, preconceito e discriminação em geral; é uma burrice coletiva sem explicação; afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união, mas demonstra claramente, infelizmente preconceitos mil, de naturezas diferentes mostrando que essa gente, essa gente do Brasil é muito burra e não enxerga um palmo a sua frente ( versos 3-12 ).

Gabriel traz a desigualdade social como a principal doença de uma sociedade, que insiste em cuidar apenas dos sintomas desta doença,as pessoas não aceitam que são racistas, não assumem que são racistas, mas no seu intimo são, estão sempre discriminando alguém por aquilo que ele é ou julga importante..

A “elite” que devia dar um bom exemplo é a primeira a demosntrar esse tipo esse tipo de sentimento. Num complexo de superioridade infantil ou justificando um sistema de relação servil. ( versos 16-19)

Todavia Gabriel deixa claro que a classe dominante que detem o poder de perssuasão, a ultiliza de má fé, impondo ao seu publico passivo “classe baixa” um determinado estilo de vida, porque ela sabe que se um povo ignorante, acostumado a um regime autoritário, tivesse oportunidade de traçar sua propria linha de pensamento jamais seguiria os pensamentos da classe que os substimam.

6. Análise dos versos, apartir das ideologias de Gabriel o Pensador e José Luiz Fiorin.

A partir dos conhecimentos estudados na obra de Linguagem e Ideologia do autor José Luiz Fiorin, percebemos que o cantor e compositor Gabriel o Pensador visa transmitir e concientizar o público brasileiro que apesar da discriminação ter firmado suas raízes ela precisa ser abolida da sociedade. Com os estudos na obra de Fiorin entendemos que Gabriel se vale da sintaxe discursiva para desenvolver a letra da música, pois seu objetivo é convencer os seus ouvintes que nenhum tipo de racismo pode ser justificado. Portanto, Fiorin conceitua ideologia como uma “visão de mundo”, assim, neste contexto o cantor propaga a idéia de que os brasileiros dispõem de uma idealização superficial,ou seja tem uma visão através de aparências não se ignorando ou desconhecendo a essência, uma vez que os mesmos não conseguem explicar o porque do preconceito.

No entanto, Fiorin afirma que a ideologia dominante parece ser a única, mas, não é verdade, é sim a mais falada, aceita, entretanto Gabriel conduz sua linha de pensamento, afirmando que esta ideologia, no nosso caso a racista, é imposta pela classe social de prestígio.


Considerações finais:

O objetivo deste artigo é informar e avaliar os conhecimentos adquiridos durante sua construção. Contudo é pertinente ressaltar que para obter tais informações usamos como textos base “ Linguagem e Ideologia” do autor Jose Luiz Fiorin e Gêneros Textuais (definição e funcionalidade) escrito por Luiz Antônio Marcuschi.

Todavia conceituar ideologia não é uma tarefa fácil, embora ela seja e esteja na sociedade, descobri seus significados é impossível por que eles estão bastante amplos, permitindo-nos caracteriza-los como princípio formador da humanidade. Pois ideologia é a base ou tese primaria de uma sociedade.

Quanto as ligações entre linguagem e ideologia dizemos que a primeira expressa a segunda ou seja, a linguagem é o mecanismo que proporciona o sucesso da ideologia, pois é através da mesma que se expõe e impõe idealizações acerca do ser “individuo”. Assim, gêneros textuais são inúmeros tipos determinantes de textos que se constituem como ações socio-discursivas e com a finalidade da comunicação.

Para tanto definimos o gênero canção como um tipo textual que necessita de concordância entre a linguagem verbl e a musica, assim sendo ela é viavel no trabalho didático do educando e do educador.

Com sua canção “Racismo é Burrice” Gabriel o Pensador emite suas ideologias para o público brasileiro, determinando com convicção que não existe no Brasil pessoas brancas e negras na integra, ou seja, o ideal de brancura ainda existente está intimamente ligado á falta de compreensão que os brasileiros tem sua própria história. Logo é indispénsavel conhecer o processo histórico deste país, para entender que ele foi construido com a miscigenação e que este fator contribuiu de forma justificativa para a existencia das culturas mil, hoje presentes.

Já o processo de pesquisa é bastante trabalhoso, porém interessante pois envolve fases de sondagem, coleta de dados entre outros, quanto ser pesquisadoras, foram necessárias reuniões para analizar a e definir os objetivos e qual a linguagem a ser abordada acerca do tema. Conclui-se este artigo declarando que a proposta de trabalho com gêneros textuais, linguagem e ideologia é uma forma de colher frutos positivos.

ANEXOS

Racismo É Burrice - Gabriel o Pensador

Composição: Gabriel O Pensador

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral

Racismo é burrice

Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral

Racismo é burrice

Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral

Racismo é burrice

O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice

Racismo é burrice

E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.






Refêrencias Bibliográficas

FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 8 Ed. São Paulo: Ática, 2007. MARCUSCHI, L. A.

Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA M. A. ( Orgs.).

Gêneros Textuais & Ensino. 4. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005, p19-36

http://letras.terra.com.br/gabriel-pensador/137000

Acesso em: 06/08/2009

http://www.gabrielopensador.com.br

Acesso em: 11/08/2009