sexta-feira, 6 de maio de 2011

Resumo

A conjuntura intelectual da Análise do Discurso


De acordo com a perspectiva intelectual discursiva a linguagem é linguagem porque faz sentido, e ela só tem significado porque é inscrita na história. Dessa forma a Análise de Discurso mantém relações contrapostas com três áreas do conhecimento: a teoria da sintaxe e da enunciação (que compreende os processos de estruturação do discurso); a teoria da ideologia (cuja é constituída e constituinte da sociedade); e a teoria do discurso (que são as combinações dos elementos lingüísticos com o propósito de exprimir os pensamentos).
Indubitavelmente para que haja leitura com eficácia é necessário a decodificação dos signos explícitos na mensagem, uma vez que, a Análise do discurso tem-se manifestado em função dessa multiplicidade de significados e de gestos de interpretação que ela considera como atos no domínio simbólico, trabalhando seus limites e seus mecanismos para tornar inconfundível o estilo que o texto disponibiliza para o individuo saber como um objeto produz sentido.
Mediante isso, a Análise do Discurso tem como finalidade a formulação da questão que desencadeará a análise, eis que uma análise não é igual à outra porque ambas atuam de maneiras diferenciadas. Contudo, a estes fatores são atribuído resultados precisos na descrição dos materiais. O dispositivo teórico mantém ligações com o dispositivo analítico, uma vez que, o primeiro refere-se à interpretação e conserva-se inalterado, já o segundo é relativo à descrição e sua forma pode ser definida através da questão que é posta pelo analista, pois muito depende deste o alcance das conclusões.
A concreticidade da Analise do discurso se dá devido a esta permitir que se faça um estudo minucioso, sem apagar as diferenças, tomando a posição de ir além do que se diz ou do ficar na superfície das evidências. Ou seja: a mobilização dessas ou daquelas palavras pode ou não mostrar além das aparências, e os sentidos não estão somente nas palavras ou nos textos, mas também na relação com a exterioridade, nas condições em que eles são produzidos, não dependendo somente das intenções dos sujeitos.
Então, o estudo discursivo considera em suas analises não só o que foi dito em um dado momento, mas as relações que este dito estabelece com o ainda não dito, atentando-se para o meio social e histórico dos sujeitos, na medida em que o dizer não é propriamente particular. As palavras não são só nossas, elas significam pela história e pela língua. Desse modo, o individuo se apropria dos dizeres de outros para materializar nestes os seus discursos ideologicamente marcados.
Quando o individuo se comunica por meio da fala, ele busca inconscientemente os sentidos para seus discursos e estes significados ficam por conta do contexto sócio-histórico que este individuo constitui por intermédio de sua visão de mundo. No que se refere a esquecimento podemos distinguir duas formas dele no discurso que são chamados de esquecimento ideológico e esquecimento da enunciação, sendo que o primeiro é o resultado pelo qual o inconsciente é afetado pela ideologia. E o segundo é denominado ilusão referencial, nós faz acreditar que há uma relação direta entre o pensamento, linguagem e o mundo.
Dessa maneira, estes tipos de esquecimentos produzem em nós não só uma visão de mundo, mas também representa exatamente aquilo que queremos acreditar, assim as palavras adquirem sentido, e são devidas estas que os sujeitos se significam, retomando palavras já existentes como se elas fossem originadas por eles. Dessa forma, sentidos e sujeitos estão sempre em fluxo, significando de muitas e variadas maneiras, produzindo interpretações diversificadas. Por isso, dizemos que nem os sujeitos, nem os sentidos e nem mesmo o discurso já estão prontos e acabados, eles estão sempre se fazendo, em movimento constante do simbólico e da história.
Nesse modo de estudo discursivo, não há um começo integral, nem um ponto final para o discurso, pois o mesmo é amplamente continuo, eles derivam seus sentidos das formações discursivas que por sua vez, representa a formação ideológica. Desse modo, tudo que dizemos tem, pois uma ideologia superficial ou explicita de acordo com a nossa exteriorização, assim, palavras iguais podem significar diferentemente desde que se percebam a quê contexto estas nos remete, ou seja, que significado em dado momento designa.
Diante disso, é pertinente ressaltar que a Análise de discurso traz em si uma reflexão acerca da linguagem, do sujeito, da história e da ideologia uma vez que, de acordo com seus princípios e procedimentos, os indivíduos poderão se situar melhor quando confrontados com a linguagem e por ela, com o mundo, com os outros sujeitos, com os sentidos, com a história.


REFERÊNCIAS
ORLANDI, Eni P; Analise do discurso. Princípios e procedimentos. 7º Edição, Campinas SP: Pontes, 2007.

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