Muito se tem discutido a cerca da contemporaneidade, esta representa um período de renovação estética, afinando com as tendências filosóficas, políticas e científicas que impregnaram o nosso meio, causando alterações no quadro social e cultural dos nossos escritores. Uma vez que os mesmos usariam de outras formas para mostrar sua visão objetiva, fiel, sem distorções dessa realidade que trazem na arte e na literatura reflexos de inúmeras mudanças.
Todas essas mudanças no movimento literário são acompanhadas de uma série de acontecimentos históricos, no qual, em meados do século XVIII, a modernidade se faz presente, conduzindo o homem a valorizar o saber e se preocupar com as diferenças que ocorriam nos setores sociais e culturais, objetivando a ampla reforma da sociedade dominada pela técnica, pela maquina e pela indústria, é quando a ciência e a tecnologia atingiram um domínio transformador da natureza sequer imaginado naquele momento histórico.
Ainda na modernidade, século XIX, marcada pelo desenvolvimento autônomo da ciência, da moral e da arte, a partir dos laboratórios, universidades e de centros específicos de pesquisa e estudos, alcançam o fantástico nível de sofisticação voltada para o progresso da humanidade. Nesse processo de manifestações que marcam essa área da literatura, é exaustivamente caracterizadora da crise, a discordância entre a literatura e a modernidade de maneira nítida e profunda.
Na busca de soluções compensatórias, o artista passa a valorizar a imaginação criadora e, conseqüentemente, em expressão subjetiva. O escritor, portanto é levado a evadir-se para espaços distintos na busca pela totalidade do real através da intuição e da realização na linguagem, acreditando que tem a capacidade de interpretar, a seu modo, o familiar e o transcendente que empresta eternidade ao mundo sensível que o cerca, ou seja, corresponde a um anseio de preencher a falta de sentido da existência.
Dessa forma, o texto literário passa ser representado de realidades coletivas ou de emoções profundas que ultrapassaram o meramente individual, assumindo assim, cada vez mais um posicionamento crítico diante da realidade em que se insere ou procura uma interpretação de tudo que o cerca. Permanecendo assim, a oposição cultural que já caracterizara o primeiro ciclo estético da modernidade, em sentido paradoxal, no qual há uma percepção de resistência.
Século XX, o mundo vive um momento de plenitude da Era da máquina, eis que a televisão assume um lugar relevante nas comunicações e na influência sobre o comportamento individual e social. As conquistas da tecnologia e da ciência passam a freqüentar o texto de literatura, a obra de arte passa a ser encarada como uma atividade lúdica, um jogo que envolve tanto o autor como o usuário, onde, a arte esvazia-se de tragicidade e o herói tradicional perde espaço para o ante-herói, com exercício de metalinguagem, centrado no seu próprio fazer-se.
Outra marca fundamental é a liberdade plena de criação. Em termos de prosa, a temática passa a incluir todos os assuntos, aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do eu; a construção e a análise dos caracteres se fazem por acumulação de instantes significativos ou pela apresentação da própria consciência em operação (fluxo de consciência); a literatura torna-se cada vez mais interiorizada e abstrata, construída de experiências mentais da vida do espírito.
Não obstante, creio ser útil consolidar que o modernismo envolve movimentos de vanguarda assumindo como tal, que traduzem a inquietação da Europa do começo do século onde anarquia literária parece ser a tônica, e se faz também obviamente, nas obras singulares de autores representativos, que tiveram um ápice na famosa semana de arte moderna, realizada em fevereiro de 1922, no âmbito da intelectualidade progressista que culminam numa tomada de posição dos artistas diante do publico. A semana traduziu um movimento contra o passado, contra o tradicionalismo, contra os preconceitos.
O modernismo brasileiro foi marcado por três destacados aspectos que, a partir dele, se incorporaram à arte literária do país: a adoração do verso livre, a valorização poética do cotidiano, o culto do primitivismo. Esta dimensão é um dos elementos que se focaliza nas vanguardas européias. Entende-se melhor, diante desses fatos, que a literatura do período tenha-se voltado para o conhecimento e a expressão artística da realidade nacional, a partir de um posicionamento crítico. O que predominou no modernismo brasileiro foi a ação reflexiva com o Brasil, a cultura brasileira enriqueceu a linguagem literária de novas formas de expressão a consciência profissional do escritor e a autoconsciência da crítica literária.
Na literatura contemporânea isso se dá, sobretudo com o aproveitamento intencional de obras do passado, a mistura de estilo presentes também na arte literária dos últimos decênios. Outro traço globalizado é a preocupação com o presente sem projeção no futuro. Na pós- modernidade a literatura feita no país traça percurso específico. O homem contemporâneo, frustrado, parece assumir a passividade do conformismo, se alimentado das lembranças do passado, principalmente, com os signos ideologizados. Más os estudiosos buscam explicações, propõem soluções, apresentam idéias que propiciam mudanças de comportamento e novos acontecimentos passam a marcar a sociedade industrial, desenvolve-se a chamada sociedade de consumo.
Evidencia também, uma intensificação do ludismo na criação literária, permanecendo, portanto, a concepção lúdica da arte que se instaurou. Amplia a dimensão experimentalista, a liberdade plena de experiência, que alguns consideram como uma “metáfora da liberação social”. O mundo contemporâneo corresponde ainda, uma literatura que prensetifica, o fragmentarismo, na medida em que o leitor chega ao sentido do texto associando um a outro, mediante traços comuns, consiste numa técnica próxima da montagem cinematográfica.
Nas ultimas décadas as manifestações na literatura brasileira assumem características que justificam um capitulo especial, uma vez que, a arte literária que se realiza no Brasil desde os anos 50 até a atualidade, evidencia um pós-modernismo que traça um percurso específico: o Brasil vive a euforia do aparecimento das grandes indústrias do governo de Juscelino Kubistchek. A comunicação avança em passo acelerado, surgem às grandes indústrias automobilísticas, instalações de várias emissoras de rádio e TV, aparecem também os satélites, jornais, revistas, teatro. Nunca se respirou coisas tão novas, além disso, o ousado e dispendioso projeto de construção da nova capital, Brasília.
As oscilações do poder, as implicações ideológicas, políticas e sociais que a elas se acoplam e conduzem a repercussões também na área cultural, nas criações literárias e nas atitudes dos artistas, atuam como elementos condicionadores que podem ajudar a compreender a significação cultural das manifestações literárias, há esse tempo tornadas realidade no Brasil. Essas manifestações, na continuidade do processo da literatura brasileira, aproveitam muito das realizações anteriores, ou seja, da nossa tradição literária tendo como base as influências de experiências os grandes centros desenvolvidos. Além do mais, mantêm-se atentos para saber como o pós-modernismo tem se concretizado em outros países como, por exemplo, França e Estados Unidos.
Compreendido nessas circunstancias, a geração de 45 tem o seu marco quando decide dar um novo aspecto aos meios de expressão a partir de uma pesquisa sobre a linguagem. Mais tarde com o Movimento da Poesia Concreta, nasce em 1958 “O Plano-piloto para a Poesia Concreta” que se centraliza na palavra como coisa, num procedimento antidiscursivo seus cultores objetivam-se o poema em si, como uma realidade verbivocovisual, ou seja, valem-se da fragmentação de palavras, da associação de vocábulos pela aproximação fônica, atomizam partes do discurso, rompem com a sintaxe tradicional, explora o ludismo sonoro, o branco da pagina, etc., propondo novas relações sintático-espaciais.
Lançado em 1967 o Movimento do Poema-Processo obedeceu a um planejamento assumido e tinha como objetivo uma conscientização pública onde se pretendeu instaurar uma nova linguagem e foi proposta uma nova codificação para o texto dando ênfase ao projeto e sua visualização. Ainda no mesmo ano si tem conhecimento do Tropicalismo que foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira. Dessa maneira, o pós-modernismo, é, porém, uma tentativa de refletir o mundo desgovernado, sujeito a um sistema econômico, político e moral, desorganizado. Mas ele o faz de modo a ser desorientador, e até promotor da confusão para assim produzir uma ruptura radical com o Modernismo.
PROENÇA, Filho Domício. Pós-Modernismo e literatura. São Paulo: Ática, 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário